Artigo
Homens caranguejo, mangue e cidade
Maria Eduarda Azevedo Teles de Paiva
2022
Anais do V SUUB, São Paulo, 2022
ISBN: 978-65-87312-59-0
O presente trabalho especula a forma como as cidades são pensadas e construídas, pautado em acontecimentos marcantes para a construção histórica de um território em disputa. O recorte para essa análise parte da cidade do Recife, mais especificamente da relação particular entre mangue e cidade que se dá nesse território, tomando como entrada no tema a análise da “sociedade do mangue” de Josué de Castro nos anos 50, e no que sucedeu a mesma, o “movimento mangue”, que teve seu início nos anos 90, idealizado por Fred Zero Quatro e Chico Science, assim como, suas reverberações contemporâneas em projetos, intervenções, ações, produções artísticas e outros. A hipótese é que essas manifestações são relevantes como produtoras de territórios, fortalecendo narrativas que contrastam e desestabilizam o comum, a níveis materiais, subjetivos, biológicos e sociais. Busca-se dar densidade histórica a essa questão fazendo um atravessamento dessas manifestações com a questão de natureza e cidade, através da imagem do “homem caranguejo” e do “mangueboy/girl”, figuras importantes na criação de um senso identitário da cidade do Recife. A fim de trazer complexidade à reflexão da prática urbana em si, o estudo também fomenta um debate atento às disputas, às contradições e aos regimes de interação de corpos – visíveis ou não, animados ou não -, que se dão no território urbano, pautados no contraste, e não na oposição.