Mestrado
Labirintos: A literatura de Franz Kafka, Jorge Luis Borges e Walter Benjamin – atravessamentos com o pensamento crítico urbano, o corpo e as cidades
Lucas Maciel Araújo
A ideia deste trabalho é inspirada na nota bibliográfica do conto “Tlön, uqbar, orbis tertius” de Jorge Luis Borges em Ficções (1944), que cita um estudioso “Silas Haslam” que nunca existiu, e o livro que ele nunca escreveu, “Uma História Geral dos Labirintos”.
Se a “História Geral dos Labirintos” existisse, esse projeto de pesquisa pretenderia – quando concluído – ser um subcapítulo: um que analisa mudanças nos paradigmas de labirinto na modernidade, partindo das literaturas de Franz Kafka, Walter Benjamin e Jorge Luis Borges; e seus atravessamentos entre si, com o corpo, as cidades e o capitalismo.
No início do Séc. XX, o labirinto parece se tornar uma questão central na literatura desses autores, em um período de transição e abandono das velhas tradições cavaleirescas da guerra, o surgimento dos tanques, o acirramento das lutas entre/contra a exploração sobre o trabalho assalariado, genocídios coloniais em África, antissemitismo, alastramento de ruínas e mãos cortadas.
E é nesse contexto que Kafka surge: da sua experiência na modernidade se estende em labirintos, deformados, precisos; Sua literatura oferece outra forma de construção literária e política, a perspectiva de pequenos seres através de uma estrutura colossal, misteriosa e incompreendida em todas suas curvas e corredores, cheios de portas fechadas, virtualmente infinitas;
Borges, leitor de Kafka, assume a mesma postura, apesar dos seus labirintos apresentarem diferentes propostas conceituais: de uma tentativa de quebra com a ideia de que o todo é a soma das partes, e do encontro radical – e muitas vezes violento – com o outro, da transmissão de conhecimento, todos ainda são construídos para os pés e olhos, suas soluções se apresentam a essa altura.
A escolha da altura do olhar humano encontra no pedestre errante, nas passagens, nos narradores, na figura do flâneur, na deriva e nos jogos, grandes aliados; Walter Benjamin, que constrói seus próprios labirintos, textos em visadas, montagens, passagens, talvez seja o mais propositivo dos três, se interessa pelas possibilidades de construção em um mundo que acumula o oposto. Quais são as relações possíveis entre as obras desses três autores, como são seus principais labirintos? Como eles nos levam a refletir sobre a cidade, o corpo, o capitalismo e a modernidade? Quais propostas políticas podem se desdobrar das suas escritas?
Palavras-chave: Literatura. Modernidade. Teoria Crítica.
ORIENTADOR
A definir
PERÍODO
2021-Atual