Mestrado
Cidade, biopoder e população: uma abordagem histórico-teórica acerca do urbanismo
Rosa Ribeiro Barboza de Oliveira
2010
A proposta de dissertação surge do desejo de estudar o contexto da emergência do urbanismo enquanto campo disciplinar, enquanto campo do saber imbricado às estruturas de macro e micropoderes da cidade. A despeito da grande complexidade em que consiste esta disciplina, o estudo pretende utilizar uma interpretação condensada de urbanismo enquanto instrumento de regulamentação das relações corpo-poder no espaço urbano. Ou melhor, aceitando a priori o conceito de “corpo” como algo que já leva consigo, intrinsecamente, uma formulação de poder, poderíamos reduzir ainda mais – para efeito de estudo – a idéia de urbanismo para: instrumento de regulamentação das relações corpo-cidade. Apesar da opção adotada, de partir da formulação de um conceito de urbanismo quase minimalista, esta interpretação abre caminho para o estudo de muitas outras relações que se tornam mais complexas no decorrer da história e pelo acréscimo de variáveis relacionadas: corpo, cidade, poder, política, estado, espaço, espaço-público, espaço-privado, trabalho, produção, riqueza, economia, governo, estratégia, organização, disciplina, controle, resistência, população, higiene, salubridade, criminalidade, visibilidade, opacidade, circulação, história, patrimônio, espetacularização, etc. No que consiste então dissertar sobre a emergência do urbanismo enquanto instrumento de regulamentação das relações corpo-cidade? Consiste, a princípio, em tentar compreender, sob um prisma foucaultiano, as condições biopolíticas de emergência deste saber e aquilo que ao mesmo tempo motivou sua existência e lhe conferiu uma missão: a relação entre poder, corpo e cidade (seja ele tomado enquanto corpo indivíduo ou corpo-social). Buscaremos analisar como o urbanismo enquanto disciplina e enquanto ciência, ou enquanto “discurso com pretensões científicas”, produz verdades e as operacionaliza nas cidades, criando uma intermediação entre as solicitações político-econômicas, o espaço urbano e o corpo social – abarcados tanto na escala mais abrangente da população, quanto numa microescala dos corpos dos indivíduos, estes últimos compreendidos dentro de uma multiplicidade. Investigaremos as relações entre produção de verdade (teoria urbanística), intervenção, forma urbana, corpo e poder em três momentos: da “disciplinarização dos corpos”, passando pela “regulamentação da vida” ao “estado de governo”.
Palavras-chave: Foucault. Regulamentação. Disciplina. Panoptismo. Governamentalidade.
ORIENTADORA
Paola Berenstein Jacques