Doutorado

Residir no tempo, instaurar territórios, contar histórias: experiências espaço-temporais para
uma escuta da cidade

Cinira d’Alva


O objetivo da pesquisa é, diante do momento de atual crise planetária, problematizar os procedimentos para o conhecimento da cidade no sentido de inventar saídas para a dimensão urbana da crise. Através da experimentação de práticas originárias de campos diversos do conhecimento, como a deriva, a cartografia, a montagem e a escrita, pretende-se investigar um “modo nômade” de apreender a cidade . Habitar, a partir da relação com a cidade, a zona de indiscernibilidade da disciplina urbanística. Sua zona de fronteira. Pensar de que maneira a experiência do aberto na cidade e a escrita da experiência, enquanto processo de abandono de si, se torna também um espaço de abertura ao outro, de troca de perspectivas, de contaminação de pontos de vista, de devir. Pensar junto a isso a transformação da concepção de sujeito nas práticas urbanas. Esse não mais definido por sua atividade consciente e autônoma, mas também por um tipo de faculdade passiva, receptiva e inconsciente. Trazer para o corpo a tarefa de pensar. A pesquisa de campo – que consistirá na realização de caminhadas, coletas e mapeamento do material coletado – terá como dispositivo a “abertura de tempos”.

Ao habitar o tempo, “aberto” a partir de uma disponibilidade do corpo a uma certa qualidade atencional, a proposta é estar “corpo a corpo” com o problema. Que não sabemos, não tempos como saber, somos residentes, junto a este, no mesmo presente. Residimos no tempo com o problema. Construímos relações com o que o compõe. Construímos a teia e somos parte dela. Cria-se, a partir dessa abertura do tempo, um território que é como um corpo, tecido vivo, topologia que (ao mesmo tempo) frequentamos e compomos. Os entes entram aí em relação a partir de um “acordo”. É importante “pedir para entrar”. A história é contada como uma rememoração. Um refazimento dos acontecimentos. Uma tecelagem do tempo vivido. Um tapete para que outros possam embarcar na experiência e acessar mundos.


Palavras-chave: Apreensão. Experiência. Narrativa. Território. Mente ecológica.


ORIENTADORA

Paola Berenstein Jacques


PERÍODO

2022-atual