MESA REDONDA

Ladeiras: Academia da Crise

Salvador/BA

As antigas ladeiras do centro de Salvador estão em crise. Violentos processos urbanísticos estão em curso. “O Centro Antigo sangra”, bradam os movimentos sociais locais. Como interpretar uma política de proteção do patrimônio cultural que tem como assertiva que “o negócio de Salvador é ser patrimônio”? Patrimônio de quem? Uma cidade pode ser vista tão somente como “oportunidades de negócios” ou como “negócios de oportunidades”?

Segundo os pesquisadores Luiz Antonio de Souza e Santiago Cao, ambos do Laboratório Urbano da UFBA (coordenado por Paola Berenstein), o que se esboça é a vida urbana deixada ao jogo de um mercado voraz e insaciável, embasado por uma visão patrimonialista alimentada por um Estado que, por incapacidade ou conveniência, não demarca corretamente a fronteira entre os interesses públicos e privados, e não garantes suas áreas de interesse social. Pensar nas atuais crises nas ladeiras é, antes de tudo, pensar nas pessoas que lá moram. Pensar nas antigas ladeiras de Salvador sem pensar nestas pessoas, é criar vazios que só beneficiam à especulação imobiliária.

Para discutir tudo isso, a Mesa 04 da Academia da Crise teve como tema “Ladeiras”. Com mediação de Luiz Antônio de Souza, a mesa proposta pelo grupo de pesquisa Laboratório Urbano teve como foco as ladeiras do Centro de Salvador. A reflexão do grupo passou por questões de patrimônio material, imaterial e afetivo; a intervenção do estado nesses lugares; dinâmicas de comércio, moradores e transeuntes e assim por diante.

“Ladeiras” contou com a moradora da Gamboa Ana Caminha, Edmilson Rodrigues, da Ladeira da Conceição, Marcelo Teles, da Ladeira da Preguiça e de Júlio Costa do Musas (Museu de Street Art de Salvador). Dentre os convidados, estavam também o bacharel em direito e atuante na área de conflitos urbanos Wagner Moreira e os colaboradores do grupo de pesquisa Silvana Olivieri, Tenille Bezerra e Santiago Cao. Para abrir a discussão, houve a projeção de vídeos produzidos pelo grupo a partir de 15h30.

Sobre os participantes

Luiz Antonio de Souza é professor de urbanismo da UNEB, pesquisador do Laboratório Urbano, PPG-AU/UFBA.

Ana Cristina da Silva Caminha é líder comunitária e integra a Associação Amigos de Gegê dos Moradores da Gamboa de Baixo. Coordena a cooperativa de axé Guia de Luz e faz parte do Movimento Sem-Teto.

Edmilson Rodrigues é artífice da Ladeira da Conceição.

Julio Costa, idealizador, diretor artístico, comunicação, redes sociais, é o responsável pelos jardins do MUSAS (Museu de Street Art Salvador), além de grafiteiro.

Marcelo Teles é organizador do centro cultural “Que ladeira é essa?”, na ladeira da Preguiça.

Wagner Moreira é coordenador do IDEAS – Assessoria Popular, facilita ações coletivas relacionadas ao Direito à Cidade, Mediação de Conflitos Fundiários Urbanos, Direito Urbanístico, Regularização Fundiária e Habitação de Interesse Social. Compõe o Conselho Fiscal da Associação dos Advogados dos Trabalhadores Rurais do Estado da Bahia. Bacharel em Direito pela Universidade Católica do Salvador, Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia-PPGAU/UFBA. Pesquisador vinculado ao Grupo Lugar Comum na Linha Conflitos Urbanos.

Silvana Olivieri é arquiteta urbanista, atuando na interface do urbanismo com as artes visuais e o audiovisual. É autora do livro “Quando o cinema vira urbanismo: O documentário como ferramenta de abordagem da cidade”.

Tenille Bezerra é diretora e produtora de cinema. Posicionando-se contra a investida agressiva do poder público contra a cidade e seus habitantes, tem produzido vídeos, em parceria com Silvana Olivieri, como denúncia de alguns processos de gentrificação em curso na cidade de Salvador.

Santiago Cao é graduado em Artes Visuais e trabalha com Performance e Intervenções Urbanas, atualmente é Mestrando em Urbanismo, integrante do Laboratório Urbano e membro da Articulação dos Movimentos e Comunidades do Centro Antigo de Salvador.


DATA E LOCAL

14 de outubro de 2015

15:30h
Apresentação de vídeos – Grupo de Pesquisa Laboratório Urbano
Silvana Olivieri
Tenille Bezerra
Santiago Cao

16:30h
Mesa 04
Ladeiras
Mediação: Luiz Antônio de Souza
Convidados:
Ana Caminha
Edmilson Rodrigues
Júlio Costa
Marcelo Teles
Wagner Moreira

Local: “Escritório”, obra de Ramiro Bernabó, Casarão do MAM-BA (Museu de Arte Moderna da Bahia)


VÍDEOS

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VÍDEO: Patrimônio Vivo (2015)

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