DEFESA

Brasília Fantasma: a taba contemporânea e a refavela – nebulosas intelectuais entre Brasil e Nigéria a partir de Lucio Costa (1963-1977)

Doutorado

Dilton Lopes de Almeida Junior

01 de dezembro de 2023

FAUFBA, Salvador/BA


O grupo de pesquisa Laboratório Urbano (PPG-AU/UFBA) convida a todos para a defesa final de doutorado de Dilton Lopes de Almeida Junior, com a tese intitulada “Brasília Fantasma: a taba contemporânea e a refavela – nebulosas intelectuais entre Brasil e Nigéria a partir de Lucio Costa (1963-1977)”. A defesa acontece no dia 01 de dezembro de 2023, às 9 horas, no Auditório Mastaba da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia.


RESUMO

No entrecruzamento entre Brasil e Nigéria, buscaremos apresentar a construção de Brasília e suas imagens fantasmáticas a partir de dois projetos não executados de Lucio Costa – a saber, a exposição não realizada L’art au Brésil: la taba contemporaine de Brasilia para o Petit Palais de Paris de 1963 e a proposta urbanística não executada para a nova capital da Nigéria, Abuja, de 1976. Buscaremos constituir uma nebulosa (Pereira, 2022) de relações entre discursos, atores e instituições situados no tempo, em uma espécie de prosopografia errante e desviante. Para tanto, aproximaremos esses dois projetos inconclusos com outros dois projetos não por Lucio Costa idealizados, mas que foram executados em esforços sincrônicos aos do arquiteto-urbanista brasileiro: a exposição Imagem Africana realizada no Brasil em 1963 e o projeto urbanístico FESTAC Town da Doxiadis Associates inaugurado em Lagos, Nigéria, em 1977 para a realização do II Festival Mundial de Artes e Cultura Negra e Africana. Optamos por apresentar estes projetos realizados a partir da perspectiva de não arquitetos: a brasileira residente em Lagos, Romana da Conceição e o músico Gilberto Gil. Deste modo, no trânsito entre os dois países, os percursos profissionais e intelectuais de arquitetos e urbanistas são atravessadas por ditadores, cineastas, chanceleres, intelectuais, antropólogos, artistas, músicos, jornalistas, teatrólogos, diplomatas, ialorixás e obás.

Na encruzilhada entre o progresso e a catástrofe, teria a Nigéria sonhado com uma democracia racial, assim como o Brasil, através da construção de novas capitais e transformações urbanas em levantes modernizadores? Teriam estes sonhos sucumbido? Quais futuros foram interrompidos e permanecem nos tempos como vestígios? Como poderíamos entrever os seus lampejos de contrapoder (Didi-Huberman, 2013a) ou a aparição de seus fantasmas? Em Brasília Fantasma nos lançamos ao exercício de cartografar como a democracia racial tornou-se um operador político para a arquitetura e o urbanismo no trânsito transatlântico e como o projeto colonial de segregação e exclusão de determinados corpos, contraditoriamente, perseverou no interior das experiências desenvolvimentistas e nacionalistas destas duas nações por mais emancipatórias que elas almejaram ser. Ensejamos ademais, reclamar, no sentido de Isabelle Stengers (2012), as experiências insurgentes e contra-coloniais que sobrevivem e perseveram nos tempos e espaços apesar de todas as violência impostas, e, ademais, reconstituir outras histórias possíveis (Hartman, 2022) a partir das experiências diaspóricas transatlânticas (Gilroy, 2002) de reencontros entre o familiar e o estranhamento na sua dimensão subjetiva dos afetos urbanos entre o Brasil e a Nigéria. Apostamos deste modo em uma narrativa descentrada e polifônica que prima pelo acúmulo, complexidade e ambivalência de tempos e espaços entrecruzados.


BANCA

Paola Berenstein Jacques – UFBA (orientador)
Margareth Aparecida Campos da Silva Pereira – UFBA/UFRJ (membro interno)
Fábio Macêdo Velame – UFBA (membro interno)
Otávio Leonidio Ribeiro – PUC-Rio (membro externo)
Guilherme Teixeira Wisnik – FAU-USP (membro externo)


DATA E LOCAL

01 de dezembro de 2023, às 9h
Auditório Mastaba
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFBA